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A prisão

 Apercebo-me, enfim, de minha prisão: ela começou cômoda, abriu-se e tornou-se mais cômoda. Em meu caminho de errático eremita: vi que todo fim era um começo. No fim, encontramos um começo e a escravidão torna-se mais branda até que a suavidade perca-se numa constante norma de sufocamento. Infelizmente, só posso ver paredes quanto estou próximo de me afogar. E quando me afogo, vem-me a necessidade de mudar. Quando mudo, a minha nova prisão me faz relaxar. A pergunta que não tem fim, mas tem metáfora é: qual é a melhor prisão? Essa pergunta descortina-se sempre numa série de mudanças as quais me abro, conquanto que eu ainda esteja peremptoriamente escravizado. De ideologia em ideologia, de música em música, de religião em religião: mudo-me de cárcere em cárcere, pois a próxima cela sempre tem um alvorecer do Sol quadrático ainda mais belo que a cela em que eu era anteriormente escravizado. Nessa eterna desgraça move-se a minha inconstante personalidade outonal. Vem-me sempre o parad...

Lembranças

[4/11 22:09] Gabriel: Eu vou me dar três na avaliação, não, não, dar-me-ei 7, pois sete é maior que três. Sete é muito superior, sete é divino. [4/11 22:11] Gabriel: Kek. Me dei nota 2. [4/11 22:12] Gabriel: 2 é o meu número dá sorte. [4/11 22:12] Gabriel: Pois eu estou sempre em segundo lugar. [4/11 22:14] Gabriel: A minha inferioridade, a minha impotência, o meu não poder poder. Maldita liberdade, que me deixa no devir, mas frusta meus resultados, todavia me deixa secundarizado. Talvez eu não deve amar ninguém. Quiçá eu não deva nem me amar. [4/11 22:15] Gabriel: Eu queria morrer, eu queria me matar. [4/11 22:16] Gabriel: Se Deus existe, porquê é tão pouco o que eu tenho, em comparação ao que eu almejo? [4/11 22:18] Gabriel: Eu amo Belzebu, o pecado do orgulho. Mas sinto-me triste por não ter qualquer mínimo orgulho para consigo mesmo. [4/11 22:21] Gabriel: Eu queria ser como Escanor, mas estou mais para Gowther e King. [4/11 22:21] Gabriel: Eu nunca quis ser esse nosferatu ...

Falando Obviedades (e Sobriedades)

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Falando Obviedades (e Sobriedades) Existem certas ideias que vêm me atormentando nos últimos tempos. Não dá para refletir a vida intelectual sem refletir a própria vida. Escrevo essa breve nota no sentido de produzir uma pequena reflexão em mim mesmo. Piaget dizia que o meio fere o organismo, esse organismo adapta-se depois da lesão que é sofrida. Com isso ele queria dizer que o organismo (nós) adapta-se ao meio (sociedade) no sentido de ser-lhe útil. O que a sociedade quer influencia em nós um dado padrão de comportamento. Isso pode ser bom ou ruim. Se, em nosso meio social, exigem-nos o amadurecimento e o cultivo da cultura – no sentido pedagógico e intelectual de cultura –, damo-nos por florescer belamente. Agora, se é o oposto, se o nosso meio social conspira para que caiamos numa vida desregrada, numa vida sem metas e nem fins nobres, acabamos por ir decaindo junto ao nosso meio. Essa constatação fez-me pensar nas considerações que meus pais me davam quando eu era men...

Relatos dum Channer!

Relatos dum Channer! Percebi que sou um doente, /b/! Após passar anos em fóruns, anônimos e não-anônimos, descobri-me doente. Não é normal o conteúdo racista e teorias radicais que ando tendo contato. Eu tinha tudo para ser um jovem normal, mas não o sou. Ultimamente tenho adentrado no tradicionalismo/conservadorismo. Estou lendo o quinto livro do Olabo nesse mesmo ano. Estudei três livros do Chesterton. Sou frequentante do Contra os Acadêmicos e não sei até que ponto algo é normal ou anormal lá. Sei que existem muitos comentários contraditórios a respeito da página e do grupo secreto do qual participo. Disseram-me que o grupo é uma seita de lunáticos que está atrasado com as ideias mais atuais e que estou me envolvendo com pessoas ruins. Não consigo sentir isso no grupo. Dalguma maneira, sinto-me bem lá. Falar-se-ia que lá é o recinto da intelectualidade que eu sempre almejei. Todavia o grupo foi criado por alunos do Olabo de Caralho. Tudo isso começou na infância. Eu era um rap...

Breves Reflexões sobre os Últimos Tempos

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Breves Reflexões sobre os Últimos Tempos Olá, meus amigos. Hoje vim aqui agradecer especialmente ao Contra os Acadêmicos e ao Anarquismo Individualista por estarem me acompanhando em minha longa viagem. Graças a vocês, entrei em contato com pensamentos que antes me eram totalmente desconhecidos. Não sou uma pessoa fácil de lidar. Sei disso. Fico fazendo piadas inoportunas e sou uma pessoa pouco séria. Particularmente, esse é um traço de minha personalidade que não consigo mudar. Às vezes parece que sou uma pessoa incontrolável. Cresce em mim uma profundidade que antes me era estranha. Parece que, mesmo tendo uma personalidade cínica e zombeteira, existem traços de seriedade que vão se conectando a mim. Não sinto mais falta do tempo passado. Dalgum modo, confortei-me com o presente. Aceitei-o, para ser mais sincero. Eu não me via como uma pessoa forte, achava-me um fracassado. Dir-se-ia que era pessimista comigo mesmo, todavia hoje as pessoas reconhecem minha força. Sei que não es...

Não Caia Nessa

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Não Caia Nessa 1- Versatilidade/Ecletismo: Na vida intelectual, a versatilidade indica ou o caráter crítico-investigativo ou a bunda-molice de querer agradar a todos (e quase sempre ela cai nisso). O errado não é ser versátil, mas sim achar a versatilidade uma virtude intelectual em si mesma e cair na relativização de tudo. É errôneo estudar todo tipo de tese e achar que todas possuem igual valor entre si (ou achar que não são controversas em dados aspectos) e, ainda por cima, declarar-se uma pessoa ponderada por ter estudado todas as teses possíveis e achar todas são esplêndidas demonstrações da racionalidade humana. É preciso que haja uma versatilidade, mas com uma hierarquização de valores e crenças, numa busca pela Verdade. 2- Monomania Intelectual: (Atenção: falo de intelectuais das humanidades, não sei se o mesmo conselho servirá para alunos de ciências exatas, todavia espero que sim). Recentemente tenho estudado sobre a vida intelectual e sobre como uma pessoa pode dar uma...

Confissões do Subsolo #3 - Velhas Mentiras – Reflexões Morais

Confissões do Subsolo #3 Velhas Mentiras – Reflexões Morais Lembro-me que, em 2016, eu era um jovem que adorava a justiça social e estava integrado num movimento. O fato é que, por má ou boa sorte, sempre tive uma certa capacidade de transparência interna. Sabia-me mau-caráter. Vejam só, eu era um justiceiro social e, ao mesmo tempo, não me sentia uma excelente pessoa, um exemplo social e cívico. O que me magnetizava na justiça social era a capacidade de livrar-me de minhas próprias mazelas morais. Sabem como é, tirar o peso da consciência, do juízo de valor que me culpava, algo que tanto me pesava. A capacidade de encontrar culpados e de me livrar dos encargos da vida adulta que ia se construindo era confortável para mim. Havia, também, outro fato: eu sentia com prazer o gosto dos expurgos que eu fazia com os meus “colegas de luta”. Apontar o mal em outra pessoa, colocar-se como um exemplo a ser seguido, destruir as pessoas com as mais grotescas acusações. Tudo isso era uma ro...